domingo, 3 de novembro de 2013

Alívio

Engraçado como a noite ficou ainda mais fria depois do que ela falou. Ao dividir sua dor, parece que ela se espalhou, não só por seus olhos na forma das imensas lágrimas que caíram; mas pelo ambiente, por tudo ao seu redor. Era tanta dor, tristeza, mágoa, revolta... que contagiou tudo... Mas ela estava finalmente, um pouco mais aliviada.

Inicialmente, quando tudo começou, eu tive medo. Um medo covarde, não pude dizer palavra.
Mas depois veio a compreensão.

Ela estava ali, pedindo socorro. De um jeito tão simples e com uma máscara de "está-tudo-bem" tão bem feita, projetada e ensaiada, que eu demorei, e quase não consigo ver. Em cada "está-tudo-bem" ela morria um pouco mais, sofria, chorava um pouco, e ninguém via. Afinal, estamos sempre tão envolvidos com nós mesmos que nem sequer nos importamos, é tudo tão automático, que cada um só quer seguir sua vida.
Mas e eu? Eu não devia estar lá para ela? Eu que prometi que estaria, não deveria ter visto os sinais? Fui tão relapsa que me culpo, e sofro junto. Não só pela sua dor, que também é a minha, mas por uma culpa de não tê-la suportado quando mais precisou...

 Mas hoje, finalmente percebi, talvez um pouco tarde, mas agora estou aqui. E não vou a lugar algum, não sem a levar, não sem a levantar... todas as vezes, que ela cair....


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