Lá e cá, é noite. Daqui faz frio, de lá também. Eu rezando, ele nem. Durmo, ele nem deitou. Ainda durmo, ele já acordou. Acordo, corro, me atraso, empurro tudo como der. De lá ele mantém seu dia, fugindo como pode da rotina. E eu aqui levando com a maré. A noite chega, eu quero fugir, de lá não sei o que acontece, mas, às vezes, é como se eu quase pudesse sentir.

Sei que seguimos nossas vidas, com as cabeças erguidas, vivendo um dia de cada vez. Um pouco de alegria eu sei que tem de lá, daqui, talvez. Mas eu não consigo não me lembrar de nossas conversas naquele restaurante japonês. E sigo sentindo falta dos nossos momentos juntos, das conversas fiadas, das discussões acalouradas, e de tantas coisas que ainda não fizemos, e daquelas que talvez nunca faremos.
Dois mundos. Tão ligados, tão distantes, tão diferentes e tão iguais.
E o lado de cá se ilumina, de um jeito que só ele faz. Quando com notícias preenche, um espaço que só o lado de lá é capaz.